“As mulheres negras não precisam dos partidos, são os partidos que precisam das mulheres negras
Raça e Gênero nos Partidos Políticos foi o tema da live da programação do Julho das Pretas do mandato do vereador Silvio Humberto (PSB).
O encontro virtual aconteceu na última quinta-feira (23), onde o instagram do edil foi enegrecido por duas mulheres negras: Maura Cristina, militante pelo movimento de mulheres negras e moradia de Salvador e Edilza Sotero, doutora em Sociologia pela Universidade Federal da Bahia – UFBA, e professora adjunta da Brown University.
O papo entre pretas girou em torno da avaliação racial e de gênero fazendo análise histórica da participação das mulheres negras nos movimentos sociais e políticos.
“O sentimento que tenho quando vejo mulheres negras na política é de pensar que elas são herdeiras de uma tradição e isso precisa ser colocado no debate. As mulheres não podem estar na política e partidos se sentindo solitárias, discurso recorrente causado pelo apagamento do racismo”, afirmou Sotero sobre a contribuição da luta das mulheres domésticas e de Sófia Campos Teixeira, mulher negra militante atuante nos anos 30 também fundadora do Partido Socialista Brasileiro.
A socióloga também falou sobre a Bancada do Feijão e do Movimento "Eu Quero Ela" - articulação firmada por militantes negros baianos. “A Bahia tem tradição de políticos que levantam a perspectiva racial e isso é bastante significativo. Constituir Bancada do feijão e o "Eu quero Ela" é construir uma luta coletiva e pensar na mulher dando as cartas, apresentando seus termos, projetos e perspectivas. Esses movimentos contextualizam que queremos jogar o jogo apresentando as regras”, comentou.
Questionada sobre como a cota dos 30% poderia atender as mulheres negras, Sotero respondeu que é preciso pensar na distribuição e na lógica de fiscalização. “Os partidos precisam pensar suas estruturas com maior relevância que as candidaturas, pois existe uma perda significativa quando não há integração das mulheres enquanto pessoas políticas. "As mulheres negras não precisam dos partidos, são os partidos que precisam das mulheres negras e já passou o tempo de colocar mulheres como laranjas”, finalizou.
Por Danúbio Trindade
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