Prorrogação de decreto de festas na Bahia está em conflito com cenário atual.

Experiência dos cruzeiros é laboratório para analisar com mais cuidado as flexibilizações.

Prorrogação de decreto de festas na Bahia está em conflito com cenário atual.
Foto: Luciano Pravato/Wikipédia

A prorrogação do decreto estadual que permite festas para até 5 mil pessoas no estado não está de acordo com o cenário atual, conforme analisa o Conselho Estadual de Saúde da Bahia (CES-BA), órgão que fiscaliza o SUS. A soma de fatores como o surto de gripe, os reflexos das enchentes, bem como o resultado das festas de fim de ano e férias de verão para o aumento de casos de covid-19 e a experiência dos navios cruzeiros — como o que atracou com 68 infectados — são exemplos de que é hora de rever as flexibilizações. 

Para o conselho, a reunião destes problemas ameaça a volta dos indicadores vermelhos e deve pressionar o sistema público de saúde, principalmente porque há um considerável número de pessoas no país que ainda não completaram seus esquemas vacinais. 

“Os surtos de covid-19 em cruzeiros nos mostraram bem o que ocorre em aglomerações e festas. O navio que atracou em Salvador tinha mais de 3,8 mil viajantes. As festas poderão ter 5 mil pessoas em espaços confinados e sabemos que ninguém fiscaliza direito o uso de máscaras nesses eventos. O atual decreto amplia a nossa convivência com o vírus”, diz Marcos Sampaio, presidente do CES-BA.

O órgão acrescenta, ainda, que tem recebido relatos de usuários do SUS que têm levado até 4h de espera apenas para passar pela triagem nas unidades de saúde das médias e grandes cidades. Em razão destes efeitos e do subfinanciamento da Atenção Básica, o conselho recomenda que os prefeitos e secretários municipais de saúde discutam a revisão deste decreto de festas em suas cidades a fim de se adequar ao cenário.

“As prefeituras têm como indicadores as portas dos hospitais e a ocupação das suas UTIs e precisam avaliar qual é a pressão que virá para os seus sistemas. A vacina da gripe só deve chegar em março, então, até lá, a única possibilidade é dar assistência aos doentes e adotar medidas de proteção. Quanto mais gente doente, menos condições os municípios terão de dar assistência aos seus cidadãos”, completa Sampaio.