Falta de isonomia eleitoral em Salvador compromete a democracia e favorece elites políticas.

O processo eleitoral deveria garantir igualdade de condições para todos os candidatos, mas a realidade mostra um cenário desigual, onde dinheiro e influência pesam mais do que a vontade popular.

Falta de isonomia eleitoral em Salvador compromete a democracia e favorece elites políticas.

A democracia pressupõe que todos os cidadãos tenham a mesma oportunidade de participar do processo político, seja como eleitores ou candidatos. No entanto, em Salvador, a isonomia eleitoral — princípio que garante condições justas para todos os concorrentes (igualdade) — está longe de ser uma realidade. A estrutura política da cidade privilegia candidatos com grandes recursos financeiros, enquanto lideranças comunitárias e figuras populares encontram enormes dificuldades para viabilizar suas candidaturas.

O acesso desigual a recursos é um dos maiores desafios. Enquanto candidatos tradicionais contam com financiamentos robustos, apoios institucionais e visibilidade midiática, os novos concorrentes enfrentam barreiras que tornam a disputa injusta. A presença de grupos econômicos influentes e o lobby político também distorcem o jogo eleitoral, favorecendo quem já está no poder e dificultando a renovação política.

Outro ponto crítico é o uso da máquina pública. Vereadores em exercício e candidatos ligados ao governo frequentemente dispõem de estruturas e influência para impulsionar suas campanhas, enquanto aqueles sem ligações com o poder enfrentam dificuldades até mesmo para registrar uma candidatura viável. Além disso, a desigualdade no acesso à mídia perpetua o domínio dos mesmos nomes no cenário político, dificultando a visibilidade de novas lideranças.

O caminho para a isonomia eleitoral passa por medidas como a reforma no financiamento de campanhas, a limitação do uso de recursos públicos por candidatos incumbentes e o fortalecimento da transparência no processo eleitoral. Sem essas mudanças, a política continuará sendo um jogo de cartas marcadas, onde quem tem dinheiro e influência sai na frente, deixando de lado o verdadeiro interesse da população.

Diante desse cenário, surge a pergunta inevitável: como um líder comunitário que trabalha arduamente por sua comunidade poderá ser vereador um dia, mesmo com o apelo popular, se não tem dinheiro para concorrer?